+ segurança

o BLOG é um espaço eficiente para registrar e divulgar as experiências de voo, nesta página penso em registrar tudo que possa contribuir com a segurança, casos por mim vivenciados, registros e análises de casos relevantes, espero de todos a contribuição com conhecimento a ser compartilhado e também com opiniões diversas que venham ampliar os temas apresentados.


Como podemos ter mais segurança no voo livre?

Esta questão deve estar presente em todos os momentos que um piloto pensa e pratica o voo livre.


A escolha do equipamento, a checagem antes do voo, a observância do clima, o cumprimento das regras de voo são alguns dos principais ítens.


As associações são criadas para promover melhorias dos locais de voo, rampas e pousos, e também zelar pela segurança, como formas de promover o voo livre, na terra e no ar.


Teremos sempre uma parcela individual e outra coletiva para a promoção da segurança no voo livre, um exemplo simples é a troca de experiências, sejam elas positivas ou não, pois de cada voo resulta mais conhecimento, que pode auxiliar outros pilotos, neste sentido é que podemos registrar e analisar acidentes como uma forma de promover a segurança. Divulgar e compartilhar conhecimento também contribui com o voo livre. Incidentes e acidentes demonstram os limites dos equipamentos, da natureza e das habilidades dos pilotos, e ressaltam cuidados que todos podem adotar nas suas práticas de voo.


Há muito por fazer, a omissão sempre será um empecilho ao desenvolvimento, é necessário falar e principalmente aprender a ouvir o que nem sempre gostaríamos ter esclarecido, ampliando o debate e os espaços para divulgar as experiências que podem contribuir para a maior segurança no voo livre.


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primavera no sul
A primavera no sul do Brasil é caracterizada por ventos fortes, durante todo dia, ou tornando-se forte no decorrer da tarde. Temos, assim, a possibilidade de voar na primeira hora, antes que o vento aumente e vire para leste, resultando em muita turbulência no pouso oficial de Sapiranga, no RS.
Considerando a quantidade e gravidade dos acidentes ocorridos na primavera de 2011, e nesta de 2012, no sul, é absolutamente necessário observar a previsão e condição meteorológica não apenas no momento da decolagem, mas saber como o vento irá se desenvolver ao longo do dia; quando rajadas fortes estiverem previstas para às 19:00 horas é certo que o pouso se tornará difícil a medida que o final da tarde se aproxime.
Neste período do ano também é possível observar tetos de voo mais altos, em função da temperatura elevada e intensa atividade térmica, este fator muitas vezes dificulta encontrar pontos de descendência para chegar ao pouso oficial antes do vento tornar-se um dificultador para a segurança do piloto.
Observar e compreender como a natureza se manifesta, num sitio de voo, é fundamental para respeitá-la e ampliar a segurança no voo livre.


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Sobre acidentes aéreos e a importância de investigá-los veja:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Acidente_aereo
http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/perguntas_respostas/acidentes_aereos/index.shtml#topo
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1181784-5602,00-VEJA+ESTATISTICAS+DE+ACIDENTES+AEREOS+NO+MUNDO.html
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CASO 1: acidente dia 23/03/2009, arborizada em pouso alternativo, em Sapiranga, RS


resultado: prejuízo material, vela rasgada; nenhum dano físico; corte de galhos da árvore

Descrição: paraglider DHV 2, decolagem na rampa SE, de Sapiranga, teto de 790 metros derivando para NO, ida até as antenas, 2 km a Leste da decolagem e 3,9 km do pouso oficial, com altitude de 622 m neste ponto; necessidade de pouso alternativo a 1,3 km do pouso oficial, num campo muito pequeno, onde havia pousado com dificuldade anteriormente, mas ao chegar para aproximação percebi que as árvores plantadas na linha onde deveria fazer a aproximação tinham crescido, precisei alargar o bordo e bati com as linhas numa árvores que me deixou a meio metro do solo. Foi o 13º voo com a vela DHV 2.

Conclusões: acreditei que a vela teria um planeio maior, mas a condição era fraca, e não havia vento suficiente para sustentar o lift no platô e poder chegar ao pouso oficial; entre a rampa SE e o pouso oficial temos apenas um pouso alternativo sobre o platô, no campo de futebol, ou entre árvores altas antes de cruzar a rede de alta tensão que está na linha de contorno do pouso oficial.
Sair das antenas baixo significa não chegar ao pouso oficial, existe pouso alternativo no contravento a 1,5 km, ou sobre o platô, no campo de futebol, apenas.
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CASO 2: acidente dia 27/09/2008, arborizada, em São Vendelino, RS


resultado: sem prejuízo material, nenhum dano físico ao piloto, necessário cortar galhos das árvores para retirar o glider

Descrição: paraglider DHV 1/2, decolagem no Morro do Diabo, em São Vendelino, freefly na etapa do Campeonato Gaucho, voo normal com uma térmica nos primeiros 20 minutos, depois entrou vento forte antes de uma chuva, sem conseguir baixar; por tres vezes tentei pousar no oficial e no alternativo adiante do oficial, indo e voltando, até que ao aproximar sobre as árvores no pouso alternativo foi possível baixar de forma suave sobre elas e assim evitar impacto com o solo.

Conclusões: neste caso o mais importante foi manter o glider aberto e voando na turbulência, sem conseguir avançar, as árvores auxiliaram a evitar danos físicos; o ambiente é caracterizado por um vale a frente da rampa, Morro do Diabo, que canaliza os ventos fortes.
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CASO 3: acidente dia 02/01/2008, pouso no mar, Torres, RS

resultado: prejuízo material, glider molhado, rádio, variômetro e celular inutilizados, nenhum dano físico ao piloto

Descrição: paraglider DHV 1/2, decolagem no Morro das Furnas, em Torres, vento fraco com tentativa de ganhar na direção contrária a praia, comando forte para retorno e sem altura para planeio até a areia, pouso na água.

Conclusões: o local não é próprio para o voo, com vento fraco é possível apenas um prego com pouso na areia; com vento forte, capaz de sustentar o lift, a decolagem é difícil, precisa de lastro, e a condição característica de falésia delimita uma faixa muito reduzida para o voo na linha da parede de pedras.
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